Na última semana, a lista de ciclones tropicais e subtropicais ganhou novos nomes em tupi-guarani, como já vem sendo feito desde 2022. A nomenclatura desses fenômenos naturais não segue um padrão internacional, mas no Brasil a prática é dar nomes no idioma indígena, organizando-os alfabeticamente. Confira mais abaixo os nomes adicionados à lista da Marinha.
Assim, o nome do primeiro ciclone do ano corrente será sempre iniciado com a letra A, o segundo, com B etc., até o 15º, que começará com Y. Não há obrigatoriedade de utilização de todas as letras do alfabeto. Os nomes podem ser reutilizados.
"De acordo com as Normas da Autoridade Marítima para as Atividades de Meteorologia Marítima 19 (Normam-19), qualquer uma das 15 designações listadas pode ser utilizada e reutilizada", informa a Folha de S.Paulo. "Um nome só é excluído da lista caso o fenômeno seja considerado pela diretoria do CHM (Centro de Hidrografia da Marinha) como um evento de 'significativa relevância'".
Lista rotativa mundial
Em geral, os nomes desses eventos são submetidos por cada serviço meteorológico nacional dos países membros à OMM (Organização Meteorológica Mundial), que mantém uma lista rotativa de nomes apropriada para cada região do globo. O nome original da OMM, em inglês, é World Meteorological Organization (WMO).
Se estiver perto da costa australiana, por exemplo, o ciclone receberá nomes como Linda, Wallace, Tiffany. No mar Arábico, os nomes prováveis incluem Mon-Tha, Mouj, Gulab.
Cada região tem uma regra e se um ciclone for particularmente mortal, seu nome será retirado e substituído por outro. O nome Ida, por exemplo, dado ao ciclone que devastou o nordeste dos Estados Unidos em 2021, foi "aposentado" pela organização em abril de 2022. O evento matou mais de 100 pessoas e custou aos EUA mais de 75 bilhões de dólares em danos.
'Atividade rara'
Embora seja membro da OMM, o Brasil segue uma lógica distinta, como Clare Nullis, porta-voz da entidade explicou ao G1:
Não há um mecanismo coordenado da OMM devido a uma atividade muito rara de ciclones tropicais
De acordo com os registros modernos, o único ciclone tropical que atingiu o Brasil foi o Catarina, em 2004. "Com ventos de mais de 180 km/h, ele deixou mais de 27,5 mil desalojados, quase 36 mil casas danificadas, 518 feridos e 11 mortos", lembra o G1. "Como não existiam regras de nomeação à época, após a ocorrência do Catarina, a Marinha decidiu fazer um monitoramento desses sistemas e criar uma lista de nomes".
LISTA: Nomes de ciclones
Confira a seguir a lista dos nomes utilizados desde maio do ano passado para classificar os ciclones no país -- alguns deles têm significados relacionados ao clima. Leia informações sobre os eventos clicando no nome de cada um deles.
Arani (tempo furioso), atingiu RJ e ES em março de 2011
Bapo (chocalho), SP, fevereiro de 2015
Cari (homem branco), SC, março de 2015
Deni (tribo indígena), RJ, novembro de 2016
Eçaí (olho pequeno), SC, dezembro de 2016
Guará (lobo do cerrado), ES e BA, dezembro de 2017
Iba (ruim), BA, março de 2019
Jaguar (lobo), RJ, maio de 2019
Kurumí (menino), ES, MG, PR, RJ e SP, janeiro de 2020
Mani (deusa indígena), BA, ES, MG e RJ, outubro de 2020
Oquira (broto de folhagem), RS e SC, dezembro de 2020
Potira (flor), ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP, abril de 2021
Raoni (grande guerreiro), PR, RJ, RS, SC e SP , junho de 2021
Ubá (canoa indígena), BA, ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP, dezembro de 2021
Yakecan (o som do céu), PR, RJ, RS, SC e SP, maio de 2022
LISTA: Novos nomes
Mais recentemente, a Marinha atualizou a lista de nomes de ciclones tropicais e subtropicais que poderão atingir a costa brasileira incluindo 32 novos termos que formam 2 sequências alfabéticas. A lista entrou em vigor em 1º de março deste ano. Conheça os nomes e significados:
Akará (espécie de peixe)
Biguá (ave marinha)
Caiobá (habitante da mata)
Endy (luz do fogo)
Guarani (guerreiro)
Iguaçú (rio grande)
Jaci (lua)
Kaeté (mata virgem)
Maracá (instrumento indígena)
Okanga (madeira)
Poti (camarão)
Reri (ostra)
Sumé (deus da agricultura)
Tupã (deus do trovão)
Upaba (lagoa)
Ybatinga (nuvem)
Aratu (caranguejo)
Buri (palmeira)
Caiçara (cerca)
Esapé (iluminar)
Guaí (pássaro)
Itã (concha)
Juru (foz)
Katu (bondade)
Murici (arbusto do cerrado)
Oryba (Felicidade)
Peri (planta d'água)
Reia (realeza)
Samburá (cesto indígena)
Taubaté (pedras altas)
Uruana (tartaruga do mar)
Ytu (cachoeira)
Fontes: Folha de S.Paulo, Estadão, Aventuras na História e G1 ; foto destaque: Inmet
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